Grupos buscam limite para produção de plástico em meio a negociações da ONU
Por Zeus Legaspi
Será impossível acabar com a poluição plástica sem reduzir drasticamente a produção de plástico, segundo um relatório da rede Greenpeace.
O relatório surge quando o Comitê Intergovernamental de Negociação para Plásticos se reúne em Paris para retomar as negociações do primeiro tratado internacional juridicamente vinculativo sobre poluição plástica.
Relata-se que os governos membros debatem a limitação da produção de plástico, enquanto alguns países e empresas pressionam para aumentar os esforços de reciclagem como parte de uma economia circular mais verde.
O Greenpeace, no relatório, disse que as empresas de combustíveis fósseis, petroquímicas e de bens de consumo continuam a exigir a reciclagem de plástico, mas, na realidade, apenas 9% de todos os plásticos produzidos foram reciclados, enquanto os que são reciclados contêm um "coquetel tóxico de produtos químicos que torná-los impróprios para uso alimentar e outros usos do consumidor."
“Os plásticos são inerentemente incompatíveis com uma economia circular”, disse a organização.
Uma economia circular implica prolongar a vida útil dos produtos por meio da reutilização e reciclagem de materiais existentes, resultando na redução de resíduos.
A High Ambition Coalition, um grupo de 58 países, ecoou isso em um comunicado, dizendo que o tratado deve limitar a produção global de plástico primário em aceleração.
O relatório do Greenpeace revelou que os plásticos, quando aquecidos durante o processo de reciclagem, geram novos produtos químicos tóxicos. Estes incluem dioxinas bromadas e benzeno, um carcinógeno humano, que pode ser criado por reciclagem mecânica e mistura de polietileno tereftalato (PET) e plástico de cloreto de polivinila (PVC).
“Como quase todos os plásticos são feitos de uma combinação de carbono (principalmente petróleo/gás) e produtos químicos tóxicos, o caminho mais óbvio é a contaminação direta, pois os produtos químicos dos produtos plásticos originais simplesmente se transferem para o plástico reciclado”, disse a organização.
A produção de plástico também foi relatada como causadora de vários problemas de saúde para trabalhadores e comunidades. A inalação constante de poeira ou fumaça tóxica causa doenças ao longo da vida, incluindo câncer e danos reprodutivos.
“Os impactos a jusante da superprodução de plástico estão bem documentados, inclusive prejudicando a saúde das comunidades que vivem perto de lixões e incineradores”, disse o Greenpeace.
A situação "só vai piorar", já que a produção de plástico deve triplicar até 2060, alertou a organização.
Para combater a reciclagem de plástico "tóxico", o Greenpeace disse que o Tratado Global de Plásticos das Nações Unidas deve desacelerar a produção de plástico, promover uma economia baseada na reutilização e instituir o princípio "poluidor-pagador" para o gerenciamento de resíduos plásticos, entre outros.